Foto: Mila Oliveira.
Texto produzido em 2015.
Existem muitas maneiras de contar
o tempo e, em algumas fases da vida, a mais doída delas talvez seja o
calendário. Chegar à marca de 190 dias sem a presença física do meu amor nesse
mundo é insuportável. Saber que, se tudo der certo e espero que dê, passarei
pelo menos mais 14 mil dias assim, também não ajuda muito.
Por isso, tenho preferido contar
a ordem das árvores que floresceram no Cerrado nesse período – primeiro a
paineira, depois o margaridão, em seguida o ipê rosa (que já está na segunda
florada), a flor de São João e seu laranja intenso, e agora as patas de vaca e
alguns ipês amarelos, mais apressados. Agarro-me também na observação das fases
da lua, que se reiniciam a cada 28 dias e me trazem a ilusão de não estar me
afastando dele tanto assim no tempo. Começa no escuro da lua nova, depois
aparece um sorriso fininho no céu, que vai se ampliando até ficar parecido com
o dele, bem aberto e um tanto provocante, no meio da lua crescente. O problema
é a lua cheia, que sempre me quebra quando ilumina o lago como um imenso queijo
amarelo, e ele não me liga para perguntar se eu já vi a lua, como sempre
fazia...
GOSTOU?! #debaixodosipes
Em Brasília: à venda na Banca da Conceição, na superquadra 308 sul.
Livros por encomenda no Brasil: Martins Fontes
Livros e e-book disponíveis, para todo o mundo e também para o Brasil : Chiado Books
Nenhum comentário:
Postar um comentário