Foto: Daniela Rojas.
Texto produzido em 2015.
Todo mundo tem um lado B na vida,
mas algumas pessoas carregam na dificuldade de lidar com ele. Sempre fui muito
ruim com o lado B das coisas, mas principalmente com o meu próprio. Nele está a
raiva, o sarcasmo, a vontade de mandar os outros tomarem no meio do olho daquele
lugar, a revolta com quem escreve lances absurdos dessa trama, mas
principalmente está a fragilidade – o maior palavrão que eu conheço neste
mundo. Pior, um palavrão que parece me perseguir nos nem tantos anos assim de
vida que tenho. Afinal, já fui órfã, mãe solteira e, mais recentemente, me
tornei viúva. Creio que seja um currículo farto de situações de risco ou vulnerabilidade,
como se diz no jargão da área social onde já militei durante muitos anos.
Mas a minha aversão absoluta a
lidar com esse palavrão inscrito no meu lado B me levou a negar com toda a
veemência do universo e da minha energia, por vezes assustadora, toda a
fragilidade desses papéis que fazem parte da minha história. Lembro-me de
reclamar com o meu marido de ele não me ajudar a tirar as coisas do carro e ele
respondendo, malcriado como sempre: “então primeiro você precisa aprender a
deixar algum pacote para os outros carregarem.” E, apesar de todos os meus
encontros com a fragilidade ao longo da vida, preciso confessar minha profunda
dificuldade e pânico em não dar conta de carregar todos os pacotes sozinha...
GOSTOU?! #debaixodosipes
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