MUNDO NOVO

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

MUNDO NOVO

Há anos que parecem milênios. Desde a morte do meu marido, tenho uma sensação recorrente de estar num filme de ficção científica, um gênero o qual, aliás, sempre detestei. Mas um grande amigo me fez repensar a questão, recentemente. Disse a ele que o meu maior objeto de desejo na atualidade seria aquele espelho do Harry Potter, diante do qual ele se vê junto dos pais falecidos, como se estivessem todos vivos. Mas ficava me lembrado do mestre Dumbledore dizendo ao jovem mago que não havia nada mais perigoso no mundo do que aquele espelho. Pessoas haviam enlouquecido e definhado, sem querer sair da frente dele, por não conseguirem abrir mão da ilusão produzida por aquele objeto. “Credo, parece ficção científica!”, concluí. E ele: “mas a ficção científica é só um jeito de tentar lidar com as questões definitivas da vida – morte, envelhecimento, doença... E por aí vai”. Taí, bom argumento!

GOSTOU?! #debaixodosipes

Em Brasília: à venda na Banca da Conceição, na superquadra 308 sul.

Livros por encomenda no Brasil: Martins Fontes

Livros e e-book disponíveis, para todo o mundo e também para o Brasil : Chiado Books

3 comentários:

Maísa12 de setembro de 2016 às 08:11
Querida Marina, é sempre um desafio viver um dia após o outro.Tenho aprendido e me emocionado muito com vc. Continue a nadar! bj
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Claudia Chagas12 de setembro de 2016 às 18:54
Lindo texto Marina. São descobertas difíceis, mas preciosas. E você caminha muito bem na vida...bjs
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Marina13 de setembro de 2016 às 11:25
Sem amigas preciosas como vocês nada disso seria possível! Como eu sempre digo para os meninos: "quem tem amigos verdadeiros, tem tudo!".

Beijos

Marina
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O BLOGUE VIROU LIVRO E AGORA VOLTA COMO DIÁRIO DE QUARENTENA

Vivendo e escrevendo

Há três décadas, uma menina de dez anos, preocupadíssima em agradar à família e corresponder às grandes expectativas depositadas sobre ela, começou a escrever um diário. O primeiro deles, produzido em janeiro de 1985, descreve uma viagem à Itália para conhecer os parentes de sua bisavó, que chegou ao Brasil no final do século XIX, aos quatro anos. O texto poderia ser de uma mulher de 30 - de tão sério, maduro, gramaticalmente impecável. Mas, certamente, aquela não era a sua voz!

Passaram-se os anos e os registros foram retomados como algo bem mais íntimo, exercício diário de narrar acontecimentos, mas principalmente de encontrar a si mesma no mundo, por meio daqueles escritos. Muitos e muitos diários depois, em 2009, aos 34 anos, essa garota começou a encontrar a sua voz, agora sim de adulta, casada, mãe de dois filhos... e o texto que se produziu tem muito pouco de formalidade e parece mais com uma conversa de amigos, de amantes ou de divã. Aos poucos, ela conseguiu afinar os ouvidos e o coração para escutar e expressar, com o mínimo possível de crítica e julgamento (tarefa árdua!), seus sentimentos e seu olhar sobre o mundo e, principalmente, sobre suas experiências nele.

Este blog pretende compartilhar, com os que também têm o hábito de viver escrevendo, e com aqueles que simplesmente vivem, mas sentem uma vontade enorme, aqui e ali, de expressar sem medo sua alma, essa caminhada ainda em curso. O sonho de um dia ser escritora de ficção, acalentado desde criança, chegou um pouco mais perto, aos 42 anos, quando, depois de ir ao inferno e voltar, esta mulher sentiu-se renascer com coragem suficiente para escrever seu primeiro conto ficcional.

Destampado esse baú, começaram a saltar dele ideias de todo tipo, memórias, e uma ânsia fantástica de criar o novo e dar asas à imaginação. Afinal, todo autor é personagem de si mesmo e a ficção traz a liberdade de fundir mentira e verdade, destino e escolha, sem qualquer compromisso com os fatos reais.

Por orientação de minha filha mais velha e mentora máxima neste projeto - fora os amigos e familiares que vêm lendo amorosamente o material desde 2009, e da minha querida amiga de olhos míopes e clínicos que os revisou e se tornou minha coautora nessa viagem pelo mundo da ficção -, publicarei os textos aos poucos, conforme ganhem vida no papel. Espero que gostem e que se surpreendam pelo menos um pouquinho.